quinta-feira, 14 de abril de 2011

No Reino da Fantasia


Ok! Admito: Sou um fã de literatura de Fantasia!

Existe qualquer coisa nesse imaginário de guerreiros medievais, castelos, mágicos, anões, elfos e dragões que me leva para um lugar qualquer da minha infância em que a magia tinha qualquer coisa de realidade. Claro que a literatura fantástica não tem nada de infantil, mas penso que este tipo de mundos que são criados acedem a essa parte de nós próprios que ainda tem alguma capacidade de sonhar.

Podem dizer que a matriz é sempre a mesma, ou seja, são sempre trilogias (com as devidas excepções, mas nunca são menos de 2 livros), há um rapaz qualquer (por acaso não se vêm muitas sagas com raparigas) que tem uma vida simples, numa quinta por exemplo, e que de repente descobre que tem capacidades excepcionais e é levado para o meio de uma demanda em que tem de enfrentar um qualquer terrível inimigo que pode arrasar o mundo como ele é conhecido. Juntamos-lhe uma profecia qualquer pelo meio e depois é só acrescentar elfos e anões à mistura, colocar uns monstrinhos ao barulho (os orcs e trolls fazem sempre sucesso), meter muita magia pelo meio e, para coroar o ramalhete, há sempre uma bela donzela que faz tinir o coração do rapaz imberbe que, para além de ter poderes para além do comum dos mortais, anda com as hormonas adolescentes todas ao de cima.

Sem brincadeiras, a verdade é que desde há algum tempo para cá, a oferta ao nível da literatura fantástica cresceu imenso no mercado editorial português. Como muita gente que por aí anda, já li a trilogia do Senhor dos Anéis (por estranho que pareça, antes de terem surgido os filmes) e outras obras do Tolkien, tais como o Hobbit e o Silmarillion. Para além destes clássicos que a Europa-América publicou, existiam alguns livros aí na praça tais como a saga do Harry Potter, a trilogia dos Mundos Paralelos do Phillip Pulman (embora pincelados igualmente de alguma Sci-Fi), as Crónicas de Narnia e poucos outros.

No entanto, o boom deste mercado editorial deu-se com o surgimento de duas colecções de editoras diferentes que fizeram claramente uma aposta no fantástico. Uma delas é a colecção Bang! da Linha de Emergência que trouxe para o mercado português As Crónicas do Fogo e do Gelo do George R. R. Martin com especial sucesso junto da malta cá da praça. Embora não seja uma colecção específica de Fantasia pois tem igualmente alguns bons títulos de Ficção Científica e Terror, apresenta uma boa variedade de obras de qualidade, misturada com algumas coisas para deixar a ganhar pó nas prateleiras das livrarias (cenas de vampiragem, lobisomens, anjos e afins...). Algumas das obras mais interessantes, para além dos livros do George R.R. Martin, são a Riftwar Saga do Raymond E. Feist entre nós conhecida como O Mago (Aprendiz, Mestre, Espinho de Prata e o futuro A Darkness at Sethanon); e a Trilogia do Elfo Negro de R.A. Salvatore, entre outras presentes na colecção.

Outra colecção que tem apresentado bons livros de fantasia, especialmente de novos autores, é a 1001 Mundos da Gailivro que apresentou autores como Patrick Rothfuss com O Nome do Vento, primeiro volume da trilogia do Assassino de Reis; Peter V. Brett com O Homem Pintado e A Lança do Deserto, primeiro e segundo volumes da trilogia Demon Series, entre outros.

No entanto, outras editoras têm arriscado nesta área e um bom exemplo é O Braço Esquerdo de Deus de Paul Hoffman, que foi publicado pela Porto Editora, que para mim é um dos melhores livros de fantasia disponíveis no mercado português. A Gradiva também tem publicado alguns livros do Neil Gaiman e não nos podemos esquecer de Robert Jordan e da sua saga A Roda do Tempo, publicada pela Bertrand, e que infelizmente vai ficar pelo 4º volume já que a editora não considera economicamente viável a publicação dos restantes. Por último, não podemos esquecer de Jonathan Strange & Mr. Norrel de Susan Clarke, pela Casa das Letras, embora este título já não esteja disponível no mercado para venda.

Enfim, tanta coisa que há por aí para a malta se entreter numa manhã de sol, na esplanada de um qualquer café ao domingo.

terça-feira, 1 de junho de 2010

O meu Livro



Venho divulgar a concretização de um projecto de longa data: a publicação do meu livro!

Intitula-se "Entre o Silêncio e a Palavra - Variações psicanalíticas sobre a música" e consiste na minha monografia de licenciatura, adaptada ao formato de livro.

Desde que terminei a licenciatura que tive o sonho de publicar a minha tese em livro. No entanto, após ter feito alguns contactos com diversas editoras, não obtive qualquer resposta positiva pois, em função das alterações no mercado editorial, fruto da propalada crise económica e dos movimentos de concentração que geraram os grandes grupos editoriais actuais, o espaço para a publicação de ensaios tornou-se muito limitado e economicamento pouco interessante para a maioria das editoras.

Entretanto, tive conhecimento do conceito de self-publishing promovido pelo site Sítio do Livro, em que os custos de publicação são bastante reduzidos através do sistema de impressão print-on-demand, sem perda de qualidade comparativamente às tiragens gráficas. Após me ter informado directamente com a gestora comercial Sara Coito, não tive dúvidas em optar por este formato e o excelente trabalho desenvolvido pela equipa aumentou a minha confiança de que fiz uma boa escolha.

Deste modo, consegui concretizar a publicação do livro, com o apoio d'A Gaveta, Associação Cultural e de Pesquisa Teatral, e que se encontra disponível para aquisição apenas através do site do Sítio do Livro.

Consiste num ensaio que explora a natureza da moção musical e o modo como intervém no psiquismo individual, realizando uma investigação da música enquanto fenómeno da experiência humana, usando a teoria psicanalítica como quadro referencial teórico. Nesta abordagem, tocamos temas como a alegada insensibilidade musical de Freud e o modo como esta influenciou os contributos posteriores da psicanálise; a importância das trocas sonoras no seio da relação mãe-criança na sua dupla dimensão, relacional e desenvolvimental; o problema do significado na música; a sua ligação com os fenómenos não-verbais e a dimensão silenciosa do self; entre outros.

Trata-se de um ensaio exploratório, que procura sintetizar contributos de diversas disciplinas, e penso que é uma obra singular no panorama editorial em língua portuguesa, inserida na tradição da aplicação da teoria psicodinâmica ao estudo dos objectos culturais.

quinta-feira, 11 de março de 2010

Paragem Prolongada

Este blog tem andado meio parado. Infelizmente, alterações na minha vida pessoal não têm permitido que eu consiga actualizar as minhas leituras como eu gostaria, quanto mais manter este espaço actualizado.
Vou tentar postar aqui com maior frequência daqui para a frente, de modo a continuar a partilhar um pouco das minhas leituras com a malta!
;)

terça-feira, 26 de agosto de 2008

Workshop com o escritor Gonçalo M. Tavares


Nos próximos dias 26 e 28 de Agosto, entre as 20h30m e as 23h, vai decorrer um workshop com o escritor Gonçalo M. Tavares consagrado ao tema "Cultura e Pensamento Contenporâneo".
O workshop é organizado pela Associação Cultural e de Pesquisa Teatral "A Gaveta", e terá lugar na Casa das Artes em Portimão.
Os interessados deverão contactar Marta Gonçalves através do 961112761, ou enviar e-mail para a.c.agaveta@gmail.com.

terça-feira, 3 de abril de 2007

"Austerlitz" de W.G. Sebald

DANIEL BLAUFUKS - S/Título, da série Terezín, 2006

Austerlitz (2001) foi a última obra editada por W.G. Sebald antes de falecer num acidente de automóvel em 2001. O tema é a vida de Jacques Austerlitz, um professor de História da Arquitectura que casualmente trava conhecimento com o narrador, repetindo posteriormente esses encontros em que vai construindo uma narrativa pessoal sobre o processo de descoberta da sua origem e identidade histórica. Revela como descobriu que, ao invés de ser como acreditava flho de um pastor calvinista galês, era afinal uma criança judia checa enviada para o Reino Unido como forma de escapar à morte certa que a sua mãe encontrou no campo de concentração de Terezín, facto da sua vida que esquecera desde sempre até este vazio inexplicável o vergar emocionalmente.

Este foi um livro que me apaixonou pelos mais diversos motivos. Tem uma construção pouco comum, sem parágrafos e com capítulos enormes, mas a fluidez da narrativa, bem como o uso de imagens para marcar o ritmo da história evitam que este se torne um livro demasiado pesado e maçudo. A linguagem descritiva ajuda-nos a construir imagens vivas que nos transportam directamente para o espaço do livro.
A construção de espaços, caracterizada pela paixão do protagonista pela história da arquitectura, é um modo de utilizar marcadores de memória que vão auxiliar na descoberta/construção de um espaço identitário que estabelece um sentido de pertença e historicidade pessoal.
Jacques Austerlitz surge como um personagem desenraizado, sentimento que esteve sempre presente desde a mais tenra idade, e que apenas é reforçado com a descoberta da sua verdadeira identidade. O sentimento que nos transmite é de uma extrema solidão e melancolia, o que o impede de estabelecer relações profundas e duradoras com quem o rodeia. A relação construída com o narrador é marcada igualmente pela intermitência mas penso que é de uma qualidade diferente pois este foi escolhido como o depositário da sua memória, o garante da sua existência.
Não há dúvida que é um livro marcante e merece todas as críticas que tem recebido.

sábado, 24 de março de 2007

No Café ao Domingo...


Vou começar hoje um novo blog que terá como principal tema a literatura.
Sou um aficcionado dos livros, com laivos de comprador compulsivo, e para mim a manhã de domingo tem sempre um ritual próprio.
Levanto-me, pego num livro que ando a ler e vou para um café, de preferência com luz ou esplanada, e sento-me "acompanhado" durante uma ou duas horas.
É a minha forma de descontrair nas folgas e gostaria de partilhar este gosto pela leitura falando um pouco desses livros que ando a ler.
Este blog será apenas uma gota no oceano da blogosfera, mas vai ser a "minha" gota e é isso que para mim é mais importante.
Até à vista!