Ok! Admito: Sou um fã de literatura de Fantasia!
Existe qualquer coisa nesse imaginário de guerreiros medievais, castelos, mágicos, anões, elfos e dragões que me leva para um lugar qualquer da minha infância em que a magia tinha qualquer coisa de realidade. Claro que a literatura fantástica não tem nada de infantil, mas penso que este tipo de mundos que são criados acedem a essa parte de nós próprios que ainda tem alguma capacidade de sonhar.
Podem dizer que a matriz é sempre a mesma, ou seja, são sempre trilogias (com as devidas excepções, mas nunca são menos de 2 livros), há um rapaz qualquer (por acaso não se vêm muitas sagas com raparigas) que tem uma vida simples, numa quinta por exemplo, e que de repente descobre que tem capacidades excepcionais e é levado para o meio de uma demanda em que tem de enfrentar um qualquer terrível inimigo que pode arrasar o mundo como ele é conhecido. Juntamos-lhe uma profecia qualquer pelo meio e depois é só acrescentar elfos e anões à mistura, colocar uns monstrinhos ao barulho (os orcs e trolls fazem sempre sucesso), meter muita magia pelo meio e, para coroar o ramalhete, há sempre uma bela donzela que faz tinir o coração do rapaz imberbe que, para além de ter poderes para além do comum dos mortais, anda com as hormonas adolescentes todas ao de cima.
Sem brincadeiras, a verdade é que desde há algum tempo para cá, a oferta ao nível da literatura fantástica cresceu imenso no mercado editorial português. Como muita gente que por aí anda, já li a trilogia do Senhor dos Anéis (por estranho que pareça, antes de terem surgido os filmes) e outras obras do Tolkien, tais como o Hobbit e o Silmarillion. Para além destes clássicos que a Europa-América publicou, existiam alguns livros aí na praça tais como a saga do Harry Potter, a trilogia dos Mundos Paralelos do Phillip Pulman (embora pincelados igualmente de alguma Sci-Fi), as Crónicas de Narnia e poucos outros.
No entanto, o boom deste mercado editorial deu-se com o surgimento de duas colecções de editoras diferentes que fizeram claramente uma aposta no fantástico. Uma delas é a colecção Bang! da Linha de Emergência que trouxe para o mercado português As Crónicas do Fogo e do Gelo do George R. R. Martin com especial sucesso junto da malta cá da praça. Embora não seja uma colecção específica de Fantasia pois tem igualmente alguns bons títulos de Ficção Científica e Terror, apresenta uma boa variedade de obras de qualidade, misturada com algumas coisas para deixar a ganhar pó nas prateleiras das livrarias (cenas de vampiragem, lobisomens, anjos e afins...). Algumas das obras mais interessantes, para além dos livros do George R.R. Martin, são a Riftwar Saga do Raymond E. Feist entre nós conhecida como O Mago (Aprendiz, Mestre, Espinho de Prata e o futuro A Darkness at Sethanon); e a Trilogia do Elfo Negro de R.A. Salvatore, entre outras presentes na colecção.
Outra colecção que tem apresentado bons livros de fantasia, especialmente de novos autores, é a 1001 Mundos da Gailivro que apresentou autores como Patrick Rothfuss com O Nome do Vento, primeiro volume da trilogia do Assassino de Reis; Peter V. Brett com O Homem Pintado e A Lança do Deserto, primeiro e segundo volumes da trilogia Demon Series, entre outros.
No entanto, outras editoras têm arriscado nesta área e um bom exemplo é O Braço Esquerdo de Deus de Paul Hoffman, que foi publicado pela Porto Editora, que para mim é um dos melhores livros de fantasia disponíveis no mercado português. A Gradiva também tem publicado alguns livros do Neil Gaiman e não nos podemos esquecer de Robert Jordan e da sua saga A Roda do Tempo, publicada pela Bertrand, e que infelizmente vai ficar pelo 4º volume já que a editora não considera economicamente viável a publicação dos restantes. Por último, não podemos esquecer de Jonathan Strange & Mr. Norrel de Susan Clarke, pela Casa das Letras, embora este título já não esteja disponível no mercado para venda.
Enfim, tanta coisa que há por aí para a malta se entreter numa manhã de sol, na esplanada de um qualquer café ao domingo.